JESUS DE NAZARÉ - PARTE 1
“E estava na sinagoga um homem que tinha o
espírito de um demônio imundo, e exclamou em alta voz,
Dizendo: Ah! que temos nós contigo, Jesus Nazareno? Vieste a destruir-nos? Bem sei quem és: O Santo de Deus.
E Jesus o repreendeu, dizendo: Cala-te, e sai dele. E o demônio, lançando-o por terra no meio do povo, saiu dele sem lhe fazer mal.
E veio espanto sobre todos, e falavam uns com os outros, dizendo: Que palavra é esta, que até aos espíritos imundos manda com autoridade e poder, e eles saem?
E a sua fama divulgava-se por todos os lugares, em redor daquela comarca”. Lucas 4: 33-37
Dizendo: Ah! que temos nós contigo, Jesus Nazareno? Vieste a destruir-nos? Bem sei quem és: O Santo de Deus.
E Jesus o repreendeu, dizendo: Cala-te, e sai dele. E o demônio, lançando-o por terra no meio do povo, saiu dele sem lhe fazer mal.
E veio espanto sobre todos, e falavam uns com os outros, dizendo: Que palavra é esta, que até aos espíritos imundos manda com autoridade e poder, e eles saem?
E a sua fama divulgava-se por todos os lugares, em redor daquela comarca”. Lucas 4: 33-37
Aqui é chamado de “espírito imundo”, porque ele
perdeu toda a pureza da sua natureza, porque ele age em oposição direta ao
Espírito Santo de Deus, e porque com as suas ideias ele contamina o espírito
dos homens. Esse homem estava na sinagoga; ele não foi até lá nem para ser
ensinado, nem para ser liberto, mas, como julgam alguns, para confrontar a
Cristo e opor-se a ele, e impedir que as pessoas cressem nele. Aqui temos,
1.A fúria que o espírito imundo
expressou contra Cristo: na presença de Cristo ele “exclamou”,
como alguém que está em agonia, e temeroso de ser desalojado. Assim “os
demônios o creem e estremecem”, têm horror a Cristo, mas não têm esperança
nele, nem respeito por ele, nem chegar a um acordo com ele (pois está longe de
aliar-se ou compactuar com ele), mas fala como alguém que conhece a sua própria
perdição. Ele o chama de “Jesus Nazareno”.
Por mais insignificante que isso possa parecer, ele foi o primeiro a chamá-lo
assim, e o fez com o intuito de encher as mentes das pessoas com maus
pensamentos a respeito de Jesus, porque não se esperava nada bom vindo de
Nazaré. Satanás lançou preconceitos contra o Senhor, como se fosse um
enganador, porque todos sabiam que o Messias deveria ser de Belém. Mas uma
confissão é arrancada dele: a de que Jesus Cristo é o Santo de Deus, assim com
se arrancou da jovem que tinha espírito de adivinhação, a respeito dos
apóstolos, que eles eram servos do Deus Altíssimo (At 16.16,17). Aqueles que
têm somente uma noção de Cristo, de que ele é o Santo de Deus, e não têm fé
nele, ou amor por ele, não vão além da confissão. Essa confissão é muito
importante, mas é feita até mesmo pelos demônios. Na verdade, ele reconheceu
que Cristo era demais para ele, e que ele não poderia resistir ao poder de
Cristo. Entre outras palavras: “Deixe-nos em paz, pois se você nos repreender,
nós seremos destruídos. Você não pode nos destruir”. A desgraça dos espíritos malignos consiste no
fato de que eles persistem na sua rebelião, mesmo sabendo que isto acabará
sendo a sua destruição. Esse espírito imundo deseja não ter nada a ver com
Jesus Cristo, pois ele se desespera com a ideia de ser expulso por ele, e se
aterroriza com a ideia de ser destruído por ele. “que temos contigo?” ou seja: “Se
você nos deixar em paz, nós o deixaremos em paz”. Veja a linguagem que eles usam,
como dizendo ao todo-poderoso: Afaste-se de nós. Esse, por ser um espírito
imundo, odiava e temia a Cristo, porque ele sabia que ele era o “Santo de Deus”; pois a mente carnal é
inimiga de Deus, especialmente inimiga da sua santidade.
2.A vitória que Jesus Cristo obteve
sobre o espírito imundo. “Para isto o filho de Deus se
manifestou: para desfazer as obras do diabo”, e isto ele deixa evidente. Ele
não voltará atrás na sua intenção de prosseguir nessa guerra, seja pelas suas
adulações, seja pelas suas ameaças. É inútil que Satanás implore e peça:
Deixe-nos em paz; o seu poder deve ser destruído, e o pobre homem deve ser
libertado, portanto: Jesus ordena. Assim como ensinava com autoridade, ele
curava com autoridade. Jesus repreendeu o espírito maligno. Ele o censurou e amealhou,
impondo-lhe silêncio: “Cala-te”, phimotheti – fique amordaçado. Cristo tinha uma mordaça para esse espírito
imundo, tanto para as ocasiões em que ele o adula como também para quando clama
em grande voz. Cristo despreza esse tipo de reconhecimento, e ele está longe de
aceitá-lo. Alguns confessam que Cristo é o “Santo de Deus”, para que sob o disfarce de tal confissão possam
prosseguir nos seus desígnios enganadores e maldosos. Mas a sua confissão é uma
dupla abominação ao Senhor Jesus, pois ela perde, em seu nome, uma permissão
para pecar, e pro isso deverá ser silenciada e exibida de forma a envergonhar
aqueles que a proferem. Mas isso não é tudo. O demônio não deve apenas se
calar, mas também deve deixar o homem. Isso era o que ele temia, ser impedido
de continuar fazendo o mal. Mas o espírito imundo se rende, pois não há mais
remédio. Ele o agitou, colocando-o em uma forte convulsão, para que alguém
pudesse pensar que ele tinha sido despedaçado. Como não pôde tocar em Cristo –
mesmo estando furioso contra ele – Satanás perturbou terrivelmente essa pobre
criatura. Dessa maneira, quando Cristo, pela sua graça, liberta as pobres almas
das mãos de satanás, isto não ocorre sem uma grave agitação e um grave tumulto
na alma, pois esse inimigo malévolo irá inquietar aqueles a quem não consegue
destruir. Ele clamou “com grande voz”, para assustar os espectadores, e para se
fazer parecer terrível, como se tivesse pensando que, embora derrotado, estava
vencido somente nesse momento, e esperava combater novamente e recuperar o seu
terreno.
A impressão que esse milagre causou
na mente das pessoas (vv. 36,37). Ele deslumbrou aqueles que o viram: “todos se
admiraram”. Era evidente, sem quaisquer contradições, que o homem estava
endemoninhado. Eles testemunharam a agitação, e a voz alta com que o espírito
gritou. Ficou também evidente que ele foi forçado a sair pela autoridade de
Jesus Cristo. Isto os surpreendeu, e os levou a imaginar, e a perguntar, entre
si: “que nova doutrina é esta?”. Ela certamente deve ser de Deus, por estar
sendo confirmada dessa forma. Certamente ele tem autoridade para da ordem, pois
ele tem a capacidade de ordenar até mesmo aos espíritos, e eles não podem
resistir a ele, mas são forçados a obedecê-lo. Os exorcistas judeus fingiam
afastar os maus espíritos por encanto ou invocação, mas isto era algo
completamente diferente, pois “com autoridade Ele ordena aos espíritos imundos,
e eles lhe obedecem!” Certamente é do nosso interesse sermos amigos de Jesus
Cristo, pois ele tem o controle dos espíritos infernais.
Isso elevou a reputação de Jesus
entre todos os que ouviram sobre o ocorrido: “E logo correu a sua fama por toda
a província da Galiléia”, que era um terço da terra de Canaã. A história foi
comentada por todos, e as pessoas escreviam sobre ela aos seus amigos por toda
a nação, juntamente com a observação: “Que nova doutrina é esta?” Assim todos
concluíram que ele era um “Mestre vindo de Deus”, e com esse caráter ele
resplandeceu mais brilhantemente do que se tivesse aparecido com toda a força e
poder externo com que os judeus esperavam que o seu Messias aparecesse.
Deus abençoe a todos!
(Arquivo extraído do Comentário
Bíblico Matthew Henry – Novo Testamento, Volume 1 - CPAD)
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